Psicóloga cria rede de troca de serviços e informações entre mães autônomas e desempregadas

Psicóloga cria rede de troca de serviços e informações entre mães autônomas e desempregadas

Segundo uma pesquisa da FGV, sobre licença maternidade e mercado de trabalho, a presença de um filho pequeno na família é um grande responsável para a baixa participação das mulheres no mercado de trabalho. O estudo revelou que só 41% das mulheres entre 25 e 44 anos e com um filho de até um ano de idade estavam empregadas, sendo que somente 28% destas mulheres trabalhavam 35 horas ou mais por semana no Brasil. Em contrapartida, 92% dos homens, nas mesmas condições, estavam trabalhando e 82% em atividades com 35 horas ou mais de carga horária semanal.

A psicóloga Nathália Fraga sempre sonhou com a maternidade e não enfrentou problemas no mercado de trabalho após o primeiro filho. Entretanto, após a segunda gravidez e uma licença-maternidade de seis meses se deparou com uma surpresa: a demissão. Enxergando um cenário de crise, Nathália decidiu arriscar e investir na carreira de coaching, para ter flexibilidade de horários e acompanhar o crescimento dos filhos.

– Até fazer uma carteira de clientes, demorou um pouco. Nesse período, em que saí de um emprego formal e optei pelo empreendedorismo, a minha renda caiu cerca de 50%.

De acordo com a doutora em economia Hildete Pereira, alguns empregadores descriminam mulheres com filhos pequenos por crerem que elas irão faltar o trabalho com frequência, em casos de doenças dos filhos ou reuniões escolares. No entanto, as pesquisas revelam que os homens têm mais ausências por conta de alcoolismo, que as mulheres por causa dos rebentos. O advogado trabalhista e sócio da BMA, Luiz Marcelo Góis, esclarece que a mulher só tem direito a uma ausência no emprego, para levar o bebê ao médico, desde que a criança tenha até seis meses.

Visando ajudar outras mães que passaram pelo mesmo dilema: estar perto dos filhos e, ao mesmo tempo, ser bem-sucedida profissionalmente, a psicóloga criou o “conexão mamães online”. O projeto é uma rede na qual mães se ajudam em aspectos profissionais, através da troca de serviços, e em relação a dúvidas da maternidade”.

– Só quem sabe o drama que é ser mãe, com bebê pequeno, é quem passou por isso. Foi uma forma de a gente se abraçar e se ajudar.

Nathália explica que as interações no grupo são as mais diversas. Por exemplo, é possível que uma mãe nutricionista ajude outra que tem dificuldades com a alimentação do filho; ou que uma mãe consultora digital ajude outra a reposicionar a sua empresa no mundo online.

Para a doutora em economia e professora da UFF, Lucilene Morandi, enquanto a sociedade enxergar o custo da maternidade como exclusivo da mulher, ela vai continuar não competitiva no mercado de trabalho:

– Precisamos de políticas públicas que entendam que o custo de procriação é social e tem que ser dividido entre todos, o que não acontece hoje ainda.

Outra solução, apresentada pela professora, é uma prática adotada em países desenvolvidos: dar benefícios às empresas que dão oportunidade a mulheres que voltam ao mercado tardiamente, seja porque se ausentaram na infância das crianças ou retornando em período integral.

Metade das mulheres deixa o mercado de trabalho um ano após o início da licença maternidade

Metade das mulheres deixa o mercado de trabalho um ano após o início da licença maternidade

De acordo com a pesquisa “Licença maternidade e suas consequências no mercado de trabalho do Brasil”, realizada pela Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE), metade das mulheres com a trajetória profissional analisada no estudo estava fora do mercado de trabalho 12 meses após o início da licença maternidade. Os motivos para a saída são inúmeros: demissão, falta de vagas em creches ou, ainda, renda insuficiente para contratar uma babá. Amanda de Lima, de 25 anos, é apenas mais um exemplo entre tantas mulheres que passam por esse drama.

Moradora da Baixada Fluminense, no Rio, a jovem engravidou dois meses após se casar e logo avisou a empresa na qual trabalhava. Entretanto, teve problemas ao longo da gravidez para ir a consultas médicas, e foi demitida no mesmo dia em que retornou ao trabalho.

Eu cheguei, entreguei o papel da pediatra, que falava que eu tinha direito a um período para amamentar, e duas horas depois me mandaram embora.

Amanda de Lima

A pesquisa ainda revela que a presença de um filho pequeno na família é uma grande responsável para a baixa participação das mulheres no mercado de trabalho. O percentual de mulheres empregadas entre 25 e 44 anos e com um filho de até um ano de idade cai para 41%. E somente 28% destas mulheres trabalham 35 horas ou mais por semana no Brasil. No caso dos homens, o perfil é oposto: 92% dos homens com filhos de até um ano estavam trabalhando, sendo que 82% em atividades com 35 horas ou mais de carga horária semanal.

A discriminação nem sempre acontece de forma velada. Durante uma entrevista de emprego, Amanda ouviu da entrevistadora que não estava apta para a vaga por causa da filha pequena. Apenas aos dois anos da filha, a jovem conseguiu um emprego de meio-período, em uma escola. Em casos como esse, em que há provas de preconceito, a mulher pode recorrer à justiça. Segundo a doutora em economia e professora da UFF, Lucilene Morandi, dos 25 aos 44 anos, as mulheres perdem competitividade no mercado de trabalho, já que saem dos empregos para cuidar das crianças, quando não têm apoio para esse cuidado ou condições financeiras para pagar por isso; ou partem para empregos de menor qualificação, ou de período parcial.

Para a doutora em economia e professora da UFF, Hildete Pereira, mesmo com a licença maternidade, o mercado de trabalho é penoso para as mulheres, já que a conciliação entre a jornada fora de casa e os trabalhos domésticos ainda não é equilibrada entre os sexos. Ainda de acordo com a professora, em 1932, a licença maternidade foi estabelecida pela CLT, sendo um custo da empresa, o que resultava na saída das mulheres do mercado de trabalho após o casamento:

– Quando você casava, já sabia que tinha que pedir demissão. Além disso, ainda tinha outro problema, mulher casada só podia trabalhar caso o marido permitisse. O código civil dizia que o homem podia ir na empresa e dizer que o ofício estava atrapalhando a família. Aí, a empresa era obrigada a demiti-la. Essa questão só foi resolvida em 1967, quando o estado passou a assumir o custo e essa questão não ficou tão explícita – conta, Hildete.

A estabilidade relacionada à maternidade abrange todo o período da gravidez e o da licença maternidade, a qual começa 28 dias antes do parto e vai até 92 dias depois. No entanto, quando a grávida trabalha até perto da data do nascimento do bebê, as empresas podem fazer um acordo e estender a licença no pós-parto. Há ainda empresas-cidadãs, as quais oferecem seis meses de licença maternidade. Nesse último caso, a mulher retorna ao trabalho sem estabilidade.

Segundo o advogado trabalhista Luiz Marcelo Góis, durante a gravidez, a mulher tem direito a se ausentar seis vezes, desde que munida de atestado médico, para ir a consultas ou exames. Caso seja necessário um afastamento antecipado, a mulher tem direito ao auxílio doença, benefício independente da licença maternidade. Já o benefício da amamentação, em que a lactante tem direito a duas pausas de 30 minutos em períodos diferentes para amamentar, se estende somente até os seis meses da criança. Com a reforma trabalhista, ele pode ser negociado entre a mãe e a empresa. Dessa forma, a beneficiária pode chegar uma hora mais tarde ou sair mais cedo, ou ainda estender o horário de almoço.

Mulheres mais unidas pelo feminismo

Mulheres mais unidas pelo feminismo

Coordenadora do Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero da UFF, a economista Hildete Pereira de Melo atribui a efervescência atual do movimento feminista a uma retomada e um crescimento da causa nas universidades, que tiveram sua população ampliada no país neste século. Pioneira nos estudos de gênero na UFF, na década de 1970, ao lado de Raquel Soihete, Sueli Gomes Costa e Felisberta Trindade, a professora destaca mudanças na instituição, com maior engajamento no meio acadêmico.

— Naquela época não falávamos em gênero, mas em estudos da mulher, e era uma heresia. Hoje, a UFF tem núcleos de professoras que se multiplicaram em todos os cursos para discutir questões de gênero, sem contar o número de estudantes engajadas, que só aumenta. Eu fico impressionada. Andar no campus é uma delícia, você vê mulheres propagando a causa por toda a parte. A multiplicação do movimento feminista vem pela universidade, mas agora essa questão já está muito fincada. Esse feminismo do século XXI passa pela ampliação da população universitária brasileira, embora seja permeado pela sociedade como um todo, na medida em que as redes sociais contribuem muito para essa efervescência — avalia a feminista.

Com um texto recente sobre o PIB per capita feminino, feito em parceria com as economistas da UFF Lucilene Morandi e Ruth Dweck, Hildete disserta sobre a diferença salarial entre os sexos.

— A escolaridade não é suficiente para dar maioridade salarial às mulheres. Apesar de a escolaridade das mulheres ser maior, quanto mais educada é a mulher maior a diferença salarial entre um homem na mesma situação — ressalta a professora, lembrando da dificuldade de discutir gênero entre seus pares na Faculdade de Economia. — A vida inteira construí pesquisas com assuntos econômicos e, em paralelo, a questão da mulher. Aos poucos, fui alinhavando os assuntos. Na economia, as mulheres sempre foram simpáticas ao feminismo, mas não eram militantes da causa. Não conseguia implantar o núcleo lá, não tinha aderência. Só em 2016 desenvolvemos um projeto grande sobre mulher na política, e esse projeto permitiu fazer uma agregação com outras professoras, como a Lucilene e a Ruth.

Vem aí o ‘PIB da vassoura’

Vem aí o ‘PIB da vassoura’

O Brasil entrará na próxima década com informações detalhadas sobre o tempo que as famílias do País dedicam às tarefas domésticas – e qual é o peso disso para a economia. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) planeja lançar, entre 2019 e 2020, a chamada pesquisa de uso do tempo. O levantamento mostrará quantas horas brasileiros gastam para cozinhar, lavar roupa e cuidar das crianças. Além disso, fornecerá os dados para estimar qual é o valor dos serviços que todos fazem em casa, hoje desempenhados principalmente por mulheres e não contabilizados no PIB, o indicador que mede o ritmo da atividade econômica.

Para especialistas, as informações do chamado “PIB da vassoura” serão importantes para orientar a formulação de políticas públicas, ajudar empresas a definir programas de gestão e de recursos humanos, aumentar o debate sobre a desigualdade de gênero e até encontrar formas de aumentar a produtividade da economia.

Não há estatísticas oficiais no País sobre o peso dos afazeres domésticos na economia. No mundo, o cálculo é incentivado por organismos como a ONU Mulheres e a Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia) para conhecer melhor a economia e, uma vez que a divisão de tarefas ainda é desigual entre os gêneros, levantar o debate sobre as disparidades. Hoje, o número de horas dedicadas pelas mulheres a afazeres domésticos é 2,5 vezes maior que as gastas por homens. Países como França e EUA já têm pesquisas de uso do tempo, enquanto o México é referência em cálculo do PIB de afazeres domésticos, estimado naquele país em 24,5%.

No Brasil, um estudo da economista Hildete Pereira de Melo, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), estima que, em 10 anos, essas atividades geraram o equivalente a um PIB brasileiro, em torno de R$ 5 trilhões ou 10% do PIB a cada ano. O dado mais recente, de 2015, estima que as tarefas domésticas representaram o equivalente a 11,3% do PIB daquele ano. O número não é comparável com outros países, pois não há uma metodologia padrão internacional para a conta.

A estimativa da economista foi feita com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que traz informações sobre o tempo dedicado aos afazeres domésticos desde 2001. O cálculo tem com base o salário do empregado doméstico, levando-se em conta que esse seria o valor gasto, caso a família contratasse o serviço. Ou seja, se a tarefa fosse executada por um trabalhador doméstico.

Embora o PIB seja expresso em dinheiro, nem todas as atividades que compõem o indicador são comercializadas. Na agropecuária, por exemplo, a produção das famílias para consumo próprio entra na conta, mesmo sem ser vendida. Mas, enquanto é fácil medir quanto vale um litro de leite produzido na fazenda – seja ele vendido ou consumido pelo próprio produtor -, é difícil estimar o valor do tempo de cada um. A própria metodologia adotada por Hildete é contestada por alguns pesquisadores: afinal, o tempo de cada um tem um preço baseado no tipo de qualificação. A pesquisadora optou por adotar o valor do serviço doméstico, mas não há consenso em relação a isso.

O IBGE é a favor do cálculo. “Fazemos imputações de renda: se faço uma cadeira e não compro uma, aquilo faz parte da minha renda. Sem ter ideia de quanto as famílias estão trabalhando em casa, não se tem ideia de qual é a importância disso na economia”, destaca Roberto Olinto, presidente do instituto, que vê os planos para lançar a pesquisa até 2020 como preliminares.

Ex-diretor de Contas Nacionais do IBGE, o economista Claudio Considera assina ao lado de Hildete o estudo. “Há mais serviços disponíveis do que os mensurados e eles representam 10% do PIB. Isso não é pouca coisa.” Que o diga a arquiteta Claudia Tavares, de 53 anos. Ela chega a dedicar 24 das 168 horas da semana às tarefas domésticas. O marido, o oficial de Justiça Sinclair Albuquerque, de 44 anos, gasta 10 horas nessas atividades, segundo um questionário informal proposto pelo Globo a três famílias. Pelo método proposto por Hildete Pereira, o “PIB da vassoura” na casa chega a R$ 9.679,28 em um ano. “Já tive babá, faxineira, empregada e faxineira. Financeiramente, não valia muito a pena. Fui mudando meu esquema de vida. Agora, tenho um escritório do lado de casa, em Ipanema. Até os 40, não tinha a experiência de cozinhar e cuidar da casa. Foi uma descoberta”, conta Claudia.

Na casa dos noivos Ornella Martins, de 22 anos, e Lucas Lobão, de 27, a ordem é dividir as tarefas. “Procuramos dividir as tarefas de forma igual. Fazemos o que temos mais afinidade. O Lucas sabe cozinhar, então isso fica mais nas mãos dele. Cuido mais das roupas”, diz a estudante. O casal Thiago Jatobá e Vinícius Campos, juntos há três anos, tenta dividir ao máximo as tarefas. Mas como Thiago está desempregado atualmente, busca realizar as atividades enquanto Vinícius está no trabalho. Resultado: trabalha 58 horas por semana em casa. “Buscamos dividir as tarefas de forma justa, mas, como tenho ficado em casa, acabo realizando um pouco mais de atividades”, afirma Thiago.

Especialistas alertam que um PIB de trabalho doméstico muito alto pode indicar distorções, principalmente quando a divisão de tarefas é desigual. Por isso, a pesquisa será importante para fazer esse diagnóstico, analisa o economista da Firjan Riley Rodrigues, autor de um estudo sobre as horas gastas no deslocamento entre casa e trabalho – que será investigado mais amplamente na pesquisa do IBGE. “Se a pesquisa identificar que um grupo tem uma riqueza não computada maior do que aquela já registrada no trabalho tradicional, é possível pensar em formas de investir socialmente, reduzindo essa produção sacrificada em afazeres domésticos para aumentar a produtividade no horário formal”, sustenta Rodrigues.

Quando você discute bem-estar social e distribuição de renda, a parte do trabalho não remunerado deveria ser contabilizado, porque faz parte da qualidade de vida das pessoas

Lucilene Morandi

Para as empresas, as informações sobre o uso do tempo podem ajudar a definir quais benefícios são mais importantes para os funcionários, destaca Nelson Braco, consultor sênior de Capital Humano da Mercer. “Conhecer demograficamente os anseios da população permitirá que as empresas desenhem planos de benefícios flexíveis, de acordo com o público que quer atingir”, avalia. Patricia Coli, gerente de Capital Humano e Talent da consultoria Oliver Wyman, acrescenta que a pesquisa mostrará dados difíceis de obter com os funcionários. “Se a empresa sabe onde o empregado gasta tempo fora do trabalho, começa a entender como ajudar. Hoje, a gente tem uma limitação para perguntar coisas da vida pessoal”, pondera, ao destacar que as informações públicas do IBGE permitem criar propostas.

O debate sobre a desigualdade de gênero move as discussões. Atribuir um valor a um trabalho ainda desempenhado principalmente por mulheres valorizará um trabalho hoje invisível. “A maior preocupação é com a equidade”, defende Hildete. Para a economista Lucilene Morandi, pesquisadora da UFF, do mesmo núcleo que Hildete, trata-se de uma questão de medir o bem-estar – dimensão que historicamente escapa ao PIB. “Quando você discute bem-estar social e distribuição de renda, a parte do trabalho não remunerado deveria ser contabilizado, porque faz parte da qualidade de vida das pessoas”, defende. Segundo Lucilene, em alguns países, a aposentadoria é calculada em cima do valor do trabalho, de quanto a mulher ganhou de salário médio ao longo da vida. Quando não se mede o trabalho não remunerado, você está lançando a mulher à pobreza, porque ela terá remuneração menor .

Francisca Primo participa do seminário que discute a presença de mais mulheres no poder

Francisca Primo participa do seminário que discute a presença de mais mulheres no poder

A deputada Francisca Primo (PCdoB) ressaltou, na sessão na sessão desta quarta-feira (1º), a sua participação na abertura do Seminário Estadual de Gênero de Políticas Públicas e Participação Política no Âmbito da Campanha Mais Mulheres no Poder, ocorrida ontem, no Hotel Praia Mar, em São Luís.  

O evento – que se encerra amanhã, dia 02, e conta com a participação de 25 municípios que estão sendo representados por 14 partidos políticos – é uma realização da Secretaria de Estado da Mulher em parceria com a Justiça Eleitoral e a Universidade Federal Fluminense.

A abertura do seminário também contou com as presenças do presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Lourival de Jesus Cerejo; da secretária de Estado da Mulher, Laurinda Pinto; da professora da Universidade Federal Fluminense, Lucilene Morandi e vários movimentos sociais.

Debates

Os debates têm a participação de três pré-candidatas a prefeitas, uma vice e 19 pré-candidatas a vereadoras. Elas estão discutindo sobre a importância da inserção da mulher na política, com a defesa de pautas especificas.  No estado do Maranhão, dos 2.653 com representação eleitoral, apenas 487 têm representação de mulheres como titular, ou seja, apenas 18% de todos os cargos eletivos são ocupados por mulheres.   

A questão do financiamento também está sendo discutida nesse encontro. Francisca Primo afirmou que no estado do Maranhão, o percentual do recurso partidário destinado às candidatas mulheres ainda é muito pequeno. Em 2006 foram 19%, em 2010, foram 14% e, em 2014, o percentual caiu para 11%.  “É preciso que as mulheres sejam mais reconhecidas, tenham o financiamento e o aumento  de vagas nos cargos eletivos”.

Francisca Primo destacou que o estado do Maranhão foi o primeiro a eleger de modo direto a primeira mulher para o cargo de governadora, que foi Roseana Sarney. “É um grande desafio garantir a igualdade de gênero em todos os espaços de poder e decisão. Não só no estado do Maranhão, mas em todo território nacional, a política para as mulheres tem a responsabilidade de promover o protagonismo das mulheres na construção do desenvolvimento”, assegurou a deputada.

Ela acrescentou que é preciso efetivar as políticas públicas com foco na ampliação do espaço da mulher no sentido dar forças para garantir a estabilidade, respeito e o reconhecimento. “Somos maioria do eleitorado, com 51,36%. Temos mais facilidade de voto e, o mais importante, já não existe a máxima de que mulher não vota em mulher. A mulher vota, sim, em mulher”, afirmou a deputada.

Avanço

Em 2010, foram eleitas 45 deputadas federais; em 2014, esse número foi elevado para 51 mulheres. “Isso significa que estamos avançando, mas ainda não é o suficiente”, disse, lembrando que a Assembleia Legislativa do Maranhão é composta por 42 deputados, sendo que apenas seis são ocupadas pelas mulheres.

No Maranhão, dos 217 municípios, existem 41 prefeitas, o que significa 18,89% do total. “Isso só reforça a nossa luta por mais espaço. Das 61 candidatas à deputada federal, só foi eleita uma do Maranhão, que é a deputada Eliziane Gama. Quero que todas nós enfrentemos, sim, na política, mas buscando nossos próprios ideais e não só para preencher as cotas”, acentuou Francisca Primo.

Cotas

Ainda de acordo com Francisca Primo, algumas candidatas entram na campanha somente para preencher as cotas e, não tendo advogado para instruí-las, não sabem o que realmente precisam fazer após a campanha. “Muitas não prestam contas da campanha eleitoral e ficam inelegíveis. Por isso é que nós temos que entrar não só para completar uma cota, mas sim para completar a cota partidária”.

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