por Lucilene | abr 3, 2020 | Clippings
Especialistas e organizações apontam que elas ficam mais vulneráveis à violência e aos efeitos da redução da atividade econômica
Por Leda Antunes
Os impactos sociais e econômicos da pandemia de coronavírus são diferentes para homens e mulheres. Especialistas e organizações alertam que é preciso levar em conta essas diferenças na hora de se pensar as respostas para esta emergência global. No Brasil, as mulheres, sobretudo as negras, estão entre os grupos mais vulneráveis aos efeitos desta crise.
Podemos pensar que as mulheres terão a maior perda de renda neste período, já que compõem a maior parte dos trabalhadores informais na maioria das atividades econômicas. Além disso, a gente sabe que um percentual grande das famílias, cerca de 45%, são chefiadas por mulheres. Então isso não vai afetar só a renda delas, mas dos seus filhos e dependentes, que também ficarão mais vulneráveis
Lucilene Morandi
Os impactos sobre a população feminina se manifestam em diversas dimensões. Elas estão mais sujeitas aos efeitos da redução da atividade econômica, uma vez que representam boa parte dos trabalhadores informais, os mais vulneráveis em períodos de recessão. Além disso, são a maioria no trabalho doméstico remunerado, que é majoritariamente informal.
por Lucilene | nov 24, 2019 | Publicações
una mirada de género
Publicado no livro La educación de las mujeres en Iberoamérica em 2019
por Lucilene | set 8, 2019 | Clippings
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), avaliou a diferença salarial entre homens e mulheres em diferentes setores do mercado de trabalho e concluiu que, por hora trabalhada, as mulheres recebem 17% a menos em relação aos homens. O número é uma média entre todos os países da região. No Brasil, a diferença é ainda maior: 25% nos empregos formais e autônomos.
“Mulheres no mundo do trabalho: desafios em direção à equidade efetiva na América Latina e Caribe”, realizado pela agência das Nações Unidas , considerou critérios igualitários como homens e mulheres que exercem a mesma função, na mesma região e possuem a mesma formação educacional.
O panorama geral é de redução da desigualdade salarial nos últimos anos e maior participação das mulheres no mercado de trabalho. No Brasil, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho é de 52,3%, enquanto a masculina é de 72%. Mas para o economista regional da OIT e um dos responsáveis pelo estudo, Hugo Ñopo, esse processo de mudança tem sido muito lento .
— As mudanças são na direção correta, o problema está na velocidade desses movimentos. A participação feminina no mercado de trabalho, em geral, está melhorando. Mas a taxa ainda é muito baixa. É preciso pensar políticas culturais para acelerar esse movimento — afirma o pesquisador. — Por um lado, a cultura pode mudar. É possível, muda, e isto é bom. Por outro lado, a parte negativa é que a cultura não muda imediatamente, leva um tempo. Por isso é preciso trabalhar políticas de médio e longo prazo.
por Lucilene | jul 23, 2019 | Clippings
RIO – O caminho que leva uma mulher ao empreendedorismo nem sempre envolve o sonho de abrir o próprio negócio, uma ideia genial ou o desejo de ser chefe de si mesma. A decisão acontece, em muitos casos, depois da maternidade e por pura necessidade. A ausência de flexibilidade nas empresas e a falta de vagas em creches estão entre os fatores que empurram as mães para fora do mercado formal de trabalho. Sem um emprego com carteira assinada, o jeito é arregaçar as mangas e “se virar”.
— As mulheres acabam sendo empurradas ao empreendedorismo depois que se tornam mães. O ambiente corporativo ainda é muito hostil para as mulheres. Quando elas se tornam mães, viram “persona non grata” nas corporações — explica Ana Fontes, presidente do Instituto Rede Mulher Empreendedora.
A instituição criada por Fontes é responsável por um levantamento feito em 2016 que mostrou que foi após a maternidade que 75% das empreendedoras decidiram ter um negócio próprio. Na classe C, esse percentual sobe para 83%.
Ainda são excepcionais os postos de trabalho em que há flexibilidade. Para a maioria das empresas, a mulher se torna “menos confiável” quando vira mãe, porque é ela quem cobre todos os problemas relacionados à família. Ela arca sozinha com todo esse custo.
Lucilene Morandi
— Elas são levadas a isso pela falta de oportunidade de emprego e pela falta de amparo social para cuidar dos filhos — afirma Lucilene Morandi, coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero e Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). — Ainda são excepcionais os postos de trabalho em que há flexibilidade. Para a maioria das empresas, a mulher se torna “menos confiável” quando vira mãe, porque é ela quem cobre todos os problemas relacionados à família. Ela arca sozinha com todo esse custo.
por Lucilene | jul 5, 2019 | Clippings
RIO – O Ministério Público do Trabalho (MPT) encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) a proposta de um projeto de lei para que os últimos 60 dias da licença-maternidade possam ser assumidos pelo pai . Se aprovada, a lei que cria a chamada licença parental valerá apenas para servidores do Ministério Público da União. Hoje, no serviço público, a licença-maternidade para as mães é de 180 dias. Os pais ganham 20 dias . Na iniciativa privada, ela é de 120 dias para as mães, podendo ser estendida por mais 60 dias. Para os pais, é de 5 dias, podendo ser ampliada por mais 15.
A intenção do MPT é que a iniciativa estimule a adoção desse modelo por outros órgãos e pela iniciativa privada, a exemplo do que ocorreu com a regulamentação do uso do nome social por travestis e transexuais . Em 2015, o órgão foi precursor na implementação dessa medida, que acabou sendo reproduzida por outras instituições.
A proposta, que está em análise na PGR, prevê que, numa licença de 180 dias ou seis meses, a mãe fique com a criança por quatro meses e o pai, caso queira, assuma essa responsabilidade pelos dois meses restantes. Esse tipo de licença, compartilhada, é comum em países europeus . Na Dinamarca, desde 1980, já é possível que o pai assuma parte da licença, se for interesse do casal. Em Portugal e na Suécia, a licença é dividida de forma obrigatória entre homens e mulheres, dentro do período total.
– O homem não tem que ajudar, mas dividir essa responsabilidade com a mulher. É uma medida fundamental para alcançarmos a igualdade de gênero. A mulher sofre muita discriminação no mercado de trabalho por somente ela ter de se afastar do emprego após o parto . É um peso que recai apenas sobre a mulher. É muito comum que ela seja demitida ao voltar da licença, após tantos meses ausente – diz a subprocuradora-geral do MPT, Sandra Lia Simón.
No caso do funcionalismo público, para quem valerá a lei, se aprovada, apesar da estabilidade afastar o risco de desligamento da mulher, Sandra conta que a maternidade, muitas vezes, respinga na perda de cargo de chefia no retorno da licença .
– Com isso, a mulher tem seu salário reduzido e perde benefícios – conta a subprocuradora, que espera que a ideia sensibilize algum parlamentar a apresentar projeto semelhante, na Câmara, que abranja a todas as trabalhadoras da iniciativa privada.
A coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero e Economia da UFF, Lucilene Morandi, diz que a proposta é uma boa forma de iniciar o debate sobre a necessidade de se estabelecer uma licença compartilhada no país. Ela entende, no entanto, que a proposta deveria manter a licença-maternidade de 180 dias e estender a do pai, dos atuais 20 dias para dois meses.