RIO – O caminho que leva uma mulher ao empreendedorismo nem sempre envolve o sonho de abrir o próprio negócio, uma ideia genial ou o desejo de ser chefe de si mesma. A decisão acontece, em muitos casos, depois da maternidade e por pura necessidade. A ausência de flexibilidade nas empresas e a falta de vagas em creches estão entre os fatores que empurram as mães para fora do mercado formal de trabalho. Sem um emprego com carteira assinada, o jeito é arregaçar as mangas e “se virar”.

— As mulheres acabam sendo empurradas ao empreendedorismo depois que se tornam mães. O ambiente corporativo ainda é muito hostil para as mulheres. Quando elas se tornam mães, viram “persona non grata” nas corporações — explica Ana Fontes, presidente do Instituto Rede Mulher Empreendedora.

A instituição criada por Fontes é responsável por um levantamento feito em 2016 que mostrou que foi após a maternidade que 75% das empreendedoras decidiram ter um negócio próprio. Na classe C, esse percentual sobe para 83%.

Ainda são excepcionais os postos de trabalho em que há flexibilidade. Para a maioria das empresas, a mulher se torna “menos confiável” quando vira mãe, porque é ela quem cobre todos os problemas relacionados à família. Ela arca sozinha com todo esse custo.

Lucilene Morandi

— Elas são levadas a isso pela falta de oportunidade de emprego e pela falta de amparo social para cuidar dos filhos — afirma Lucilene Morandi, coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero e Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). — Ainda são excepcionais os postos de trabalho em que há flexibilidade. Para a maioria das empresas, a mulher se torna “menos confiável” quando vira mãe, porque é ela quem cobre todos os problemas relacionados à família. Ela arca sozinha com todo esse custo.

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